segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A História da regulamentação da profissão de Educação Física no Brasil

Regulamentação da Educação Física no Brasil
Elaboração de medidas legais e a criação de um conselho
O processo da regulamentação e criação de um Conselho para a Profissão de Educação Física, teve início nos anos 40. A iniciativa partiu das Associações dos Professores de Educação Física – APEF´s – localizadas no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Juntas fundaram a Federação Brasileira das Associações de Professores de Educação Física – FBAPEF, em 1946.
A História da regulamentação da profissão de Educação Física no Brasil, pode ser dividida em três fases: a primeira relacionada aos profissionais que manifestavam e/ou escreviam a respeito desta necessidade, sem contudo desenvolver ação nesse sentido; a segunda na década de 80 quando tramitou o projeto de lei relativo à regulamentação sendo vetado pelo Presidente da República. E a terceira vinculada ao processo de regulamentação aprovado pelo Congresso e promulgado pelo Presidente da República em 01/09/98, publicado no Diário Oficial de 02/09/98.
A intenção de se criar uma Ordem ou um Conselho ocorreu nos idos da década de 50. Os saudosos professores Inezil Penna Marinho, Jacinto Targa e Manoel Monteiro apresentaram esta idéia e defendiam sua importância, fazendo paralelo sempre com as demais profissões regulamentadas, a Ordem dos Advogados ou o Conselho dos Médicos, sem, no entanto tomarem qualquer ação efetiva no sentido de consolidar a proposta.
Hoje entende-se ter sido em virtude de na época os profissionais atuarem prioritariamente em unidades escolares, os cursos serem exclusivamente de licenciatura e os currículos voltados essencialmente à formação de profissionais para atuarem no ensino formal. Historicamente, a área era responsável por oferecer profissionais a um mercado pré-determinado: a escola. O fato da profissão de Professor não ser regulamentada, torna incoerente desmembrar a Educação Física.
Como exemplo dessa preocupação podemos citar o III Encontro de Professores de Educação Física, organizado pela Associação dos Professores de Educação Física da Guanabara, na cidade do Rio de Janeiro, em 1972. Apresentam então, em uma de suas recomendações aprovadas, a proposta de criação dos Conselhos Regionais e Federal de Educação Física, em que se destaca o seguinte registro deliberativo:
4º. Tema: Conselhos Regionais e Federal dos Titulados em Educação Física e Desportos:
1) É de interesse dos titulados em Educação Física e Desportos a criação dos Conselhos Regionais e Federal, reguladores da profissão.
2) O código de Ética profissional é fundamental para as relações de trabalho entre os titulados em Educação Física e Desportos, tanto na área particular, como na oficial.
3) Os participantes do III Encontro dos Professores de Educação Física, ratificam o trabalho que foi executado no encontro anterior, sobre o problema da criação dos Conselhos Regionais e Federal dos titulados em Educação Física e Desportos, e solicitam providências junto às autoridades do executivo e legislativo federal.
Contudo, somente em meados dos anos 80 são efetivamente identificadas as ações para a apresentação do projeto de regulamentação da profissão ao legislativo.
Assim, fica clara a questão da regulamentação ser uma velha aspiração da categoria profissional. Algo debatido e discutido desde os anos 50 em diversos eventos, pelos formadores de opinião, pelos notáveis da área e pelas IES, tendo se transformado em ação efetiva apenas a partir da década de 80, quando então encontramos a questão da regulamentação profissional sendo efetivamente debatida e ações concretas dinamizadas.
No início dos anos 80 resgata-se a Federação Brasileira das Associações dos Professores de Educação Física - FBAPEF. Mediante uma atuação dinâmica e democrática motiva o surgimento de Associações de Professores de Educação Física – APEFs, em praticamente todos os Estados da União.
Nos Estados: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo dentre outros, ao longo da década de oitenta, as APEFs promoveram diversos Congressos. O objetivo era discutir os rumos da disciplina e da profissão. A necessidade de consolidar e conquistar a regulamentação recebeu aprovação em todos os estados.
Podemos deduzir que a segunda fase teve início na reunião entre os diretores, professores e estudantes de Escolas de Educação Física, realizada no dia 22 de novembro de 1983, na FUNCEP, em Brasília-DF, cujo propósito foi discutir sobre a problemática da atuação profissional em Educação Física”, visando a criação de um órgão orientador, disciplinador e fiscalizador do exercício profissional”.
Nesta reunião, coordenada pelo Prof. Benno Becker, à época, membro da Comissão de Pesquisa em Educação Física e Desportos do MEC-COPED, diretor das escolas de Educação Física da FEEVALE, Novo Hamburgo, RS, e secretariada pelo Prof. Laércio Pereira, o Prof. Benno apresentou um projeto elaborado, tendo como base os projetos de conselho regionais e federais da psicologia e medicina. Após discussão e debate, o projeto de lei foi aperfeiçoado (Leia a íntegra da ata da reunião).
Chegaram ao acordo, que a proposta seria de criação de Conselho dos Profissionais de Educação Física. Nesta oportunidade todos os presentes foram alertados a respeito da tramitação que o projeto teria na Câmara dos Deputados e da necessidade de cada um mobilizar os representantes políticos de cada estado, para a defesa e o acompanhamento do projeto. Designaram os Professores Benno Becker e Antônio Amorim para encaminhamento do projeto de lei ao poder legislativo.
O Projeto, já aperfeiçoado, foi apresentado pelo Prof. Benno Becker no encontro de diretores e/ou representantes de Escolas de Educação Física do Brasil, encontro este comemorativo dos cinqüenta anos das Escolas de Educação Física da Universidade de São Paulo, cuja comissão executiva dos festejos era presidida pelo Prof. Walter Giro Jordano, quando na realização do debate sobre os temas “Criação de Conselhos Federal e Regionais de Educação Física” e “Regulamentação da Profissão”, realizado no dia 16 de março de 1984, às 15 horas, na sede da Escola de Educação Física na Universidade de São Paulo.
Do ano de 1984 em diante, iniciou de fato, ações concretas para a regulamentação da profissão.
A FBAPEF, que estava desativada, é resgatada quando durante o II Congresso de Esporte Para todos – EPT, na cidade de Belo Horizonte, em julho de 1984, é realizada a Assembléia Geral da FBAPEF e eleita a diretoria para reiniciar a gestão da entidade. Nesta ocasião dentre alguns pontos, é discutida a questão da regulamentação da profissão e deliberado que a entidade deve envidar todos os esforços nesse sentido. O Prof. Dr. Inezil Penna Marinho informa sobre a impossibilidade de se criar Ordem ou Conselhos de professor de Educação Física, em razão de ser esta, substantiva da função de Professor.
Então, o eminente professor propõe que seja modificado o nome designatório de nossa atividade profissional para “Cineantropólogo”; “Antropocinesiólogo”; Kinesiólogo” ou “Antropocineólogo”. A categoria foi consultada, e eles não concordaram com a mudança do termo. Culturalmente e tradicionalmente, a designação do profissional nas intervenções na área dos exercícios físicos e desportivos, é Professor de Educação Física. Identificado o impasse, surgiu a proposta de designarmos o interventor como “Profissional de Educação Física”. Designação aceita para vencer o impasse legal. Desta forma, passou-se a defender a regulamentação do Profissional de Educação Física.
Paralelamente, em 1984 foi apresentado o Projeto de Lei 4559/84, pelo Deputado Federal Darcy Pozza à Câmara dos Deputados. Dispunha sobre o Conselho Federal e os Regionais dos Profissionais de Educação Física, Desporto e Recreação. Foi, oficialmente, o primeiro projeto de regulamentação da profissão.
Em praticamente todas as instâncias deliberativas, até então, das APEFs e nos Congressos da FBAPEF, as decisões eram sempre no sentido da luta pela regulamentação. De acordo com o trâmite do projeto de apresentação de propostas para apresentação de substitutivos.
O PL 4559/84 foi aprovado pelo Congresso Nacional, em dezembro de 1989, sendo vetado pelo Presidente da República, José Sarney. Isso ocorreu no início do ano de 1990, baseando-se em parecer exarado pelo Ministério do Trabalho.
Em razão dessa decepção, as APEFs entram em colapso. O processo de desativação ocorreu inclusive no congresso da FBAPEF de 1990.
No início de 1994, grupos de estudantes de Educação Física preocupados com o crescente aumento de pessoas sem formação atuando no mercado emergente (academias, clubes, condomínios, etc.), procuraram a APEF-RJ. A APEF então, reafirmou a posição de que para impedir tal abuso, fazia-se necessário um instrumento jurídico que determinasse serem os egressos das escolas de educação física, os profissionais responsáveis pela dinamização das atividades físicas.
Portanto, era requerido para regulamentar a profissão: um novo movimento e mobilização da categoria; a adesão de algum político para apresentar o projeto de lei e todo o desgaste que representaria tal questão, ao longo do trâmite do projeto na Câmara e no Senado.
No Rio de Janeiro, o problema se agrava. De maneira bastante informal, percebeu-se que era latente entre os estudantes, a questão do egresso dos cursos de Educação Física. Crescia o interesse em tomar providências para reverter a situação.
Com o crescimento do interesse, a questão é debatida pela diretoria da Associação dos Professores de Educação Física do Rio de Janeiro. Trava-se o debate a respeito da propriedade e surge a oportunidade de iniciar uma nova luta pela regulamentação.
Em princípio, buscou-se a FBAPEF para desenvolver o processo via instituição representativa da categoria profissional. As diversas deliberações da entidade e das APEFs dependiam de aprovação. Porém, percebia-se um certo marasmo nas ações em prol da regulamentação. Por esse motivo, os Professores: Jorge Steinhilber, Sergio Kudsi Sartori, Walfrido Jose Amaral e Ernani Contursi, decidem lançar o Movimento em Prol da Regulamentação. O Movimento não tinha a participação de um órgão formalmente constituído. Havia uma rede de comunicação, informação, mobilização e adesão. Era aberta a participação de órgãos, instituições, meios de comunicação, profissionais e estudantes. Seu caráter era pluripartidário e democrático.
Em Janeiro de 1995, durante a realização do congresso da FIEP em Foz do Iguaçu, o “Movimento pela regulamentação do Profissional de Educação Física” foi lançado na abertura do evento, após contar com a aprovação e adesão do delegado geral da FIEP no Brasil, Prof. Almir Gruhn e do Vice-Presidente, Prof. Manoel José Gomes Tubino. Vale ressaltar que a posse solene dos membros conselheiros do 1º Conselho de Educação Física, ocorreu neste mesmo congresso.
O Prof. Jorge Steinhilber proferiu conferência de abertura do Congresso, anunciando que a assembléia da Federação Brasileira das Associações de Profissionais de Educação Física aprovara a proposta de regulamentação da profissão, e que lançava o “Movimento” como mola propulsora da regulamentação e como centro da rede de divulgação e mobilização, que seria necessária para esclarecimento e adesão nacional a respeito da questão.
Após a conferência, o presidente da FIEP pronunciou-se, em apoio ao Movimento pela regulamentação da profissão.
A primeira ação e difusão nacional do “Movimento” deu-se na reunião em que o Prof. Jorge Steinhilber participou com os delegados da FIEP ( a FIEP possui delegados em praticamente todos os estados da União). Na oportunidade consolidou-se a primeira aprovação nacional. 
A segunda ação foi o envio de correspondência às direções das Instituições de Ensino Superior de Educação Física, informando a respeito da importância e necessidade de regulamentarmos a profissão, apresentação do “Movimento” e abertura de possibilidade da adesão ao mesmo, solicitando que a questão fosse divulgada e que estes promovessem discussões, debates e esclarecimento a respeito, junto ao corpo docente e discente.
Assim foi lançado o “Movimento nacional pela regulamentação do Profissional de Educação Física”, no início do ano de 1995.
Para deflagrar o processo formalmente, o Deputado Federal Eduardo Mascarenhas apresenta o projeto de lei relativo à regulamentação da profissão. Projeto de número 330/95, na Câmara dos Deputados.
Precisaria ser analisado por três Comissões na Câmara, onde poderia receber substitutivos e ser totalmente modificado. Vale ressaltar o fato de que o texto apresentado, suscitaria maiores discussões no âmbito da categoria profissional. Ao final do trâmite na Câmara, com o projeto devidamente analisado, debatido, refletido, estudado, consultado e pesquisado, optou-se pela apresentação por parte do Deputado Federal. 
Durante o ano de 1995 o projeto foi analisado pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto. As instituições de ensino, órgãos públicos relacionados com a área e notórios profissionais de Educação Física foram consultados. Todos favoráveis à regulamentação, sendo que algumas pessoas contestam o processo e o texto do projeto.
Em novembro de 1995, substitutivo ao projeto de lei, é aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto.
No início do ano de 1996, na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, o Deputado Federal Paulo Paim, é designado relator do projeto.
O Deputado informou que a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, em princípio, era contrária às regulamentações de profissões tendo traçado algumas recomendações que deveriam ser comprovadas para a apreciação do nosso projeto:
Recomendações para a elaboração de projetos de lei destinados a regulamentar exercícios de profissões:
1. Em razão da liberdade para o exercício de ofícios ou profissões estabelecidas pela Constituição Federal em seu art. 5º, inciso XIII, a elaboração de projetos de lei destinados a regulamentar o exercício profissional deverá atender, cumulativamente, os seguintes requisitos:
1.1- Imprescindibilidade de que a atividade profissional a ser regulamentada - se exercida por pessoa desprovida da formação e das qualificações adequadas - possa oferecer risco à saúde, ao bem-estar, à segurança ou aos interesses patrimoniais da população;
1.2- A real necessidade de conhecimentos técnico-científicos para o desenvolvimento da atividade profissional, os quais tornem indispensáveis à regulamentação;
1.3- Exigência de ser a atividade exercida exclusivamente por profissionais de nível superior, formados em curso reconhecido pelo Ministério da Educação e do Desporto;

2- Indispensável se torna, ainda, com vistas a resguardar o interesse público, que o projeto de regulamentação não proponha a criação de reserva de mercado para um segmento de determinada profissão em detrimento de outras com formação idêntica ou equivalente”.
Em audiência com o relator, o Coordenador Nacional do Movimento, Jorge Steinhilber, defendeu que as proposições regulamentadoras atendem a esse mínimo de requisitos tendo condições de resultar em lei eficaz. Foi definido que seria realizada audiência pública para tratar da questão.
Até o dia 17 de outubro de 1996 (audiência pública), o Deputado Paulo Paim consultou as Instituições formadoras de profissionais de Educação Física, entidades, órgãos públicos, profissionais e estudantes de Educação Física.
Em praticamente todos os eventos relativos a área (congressos, seminários, convenções e outros) foram promovidas conferências, debates e mesas redondas relativas à regulamentação. Nas Escolas de Educação Física, estudantes promoviam encontros de discussão a respeito da regulamentação. Nos Estados reuniam-se os diretores das Instituições para debaterem, efetuarem consultas e apresentarem resultados. Todos foram favoráveis quanto à regulamentação com modificação no texto.
O Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação Física cresceu e se fortaleceu. Convocou a categoria para enviar correspondências, relativas a abaixo assinados favoráveis à regulamentação ao Deputado Paulo Paim, sendo atendido.
É importante ressaltar a reunião de diretores e representantes das Escolas de Educação Física, na Universidade Católica de Campinas convocadas pelo Instituto Nacional do Desenvolvimento do Desporto - INDESP. O objetivo era que conhecessem as propostas do Instituto, uma vez que, por iniciativa dos presentes, levantava-se a questão da regulamentação. O abaixo assinado favorável à regulamentação, foi assinado por 97% dos presentes.
Em 17 de outubro de 1996, às 10 horas, no plenário da Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos, o Deputado Paulo Paim abre a audiência pública. Pelo estabelecido, o Professor Jorge Steinhilber proferiu explanação histórica sobre a regulamentação e sua importância. Em seguida, o representante do INDESP confirmou o teor de correspondência favorável à regulamentação, outrora encaminhada à Comissão de Educação, Cultura e Desporto.
Depois, o Professor Roberto Lial, Presidente da FBAPEF informou que no Congresso de 1994, os presentes deliberaram favoravelmente à regulamentação. Finalizando, foi dada a palavra ao Professor Lino Castelani para defender posição contrária à regulamentação. Seguindo, o Deputado Paulo Paim ouviu um por um os presentes sendo marcante o fato de que todas as entidades apresentaram-se favoráveis à regulamentação. Um grupo de profissionais e estudantes manifestaram-se contrários em relação ao texto do projeto. A diretoria do CBCE e a diretoria da Executiva Nacional dos Estudantes apresentaram-se contra a proposta.
Após ouvir todos os presentes e assinalar os respectivos votos, pronunciou-se o Deputado Eduardo Mascarenhas. Devido relatos dos presentes e votos favoráveis, estava claramente definido ser a categoria profissional favorável à regulamentação. Havia somente reticências em relação ao texto. Assim, sua decisão era favorável à questão. Instituiu grupo de trabalho para que no prazo de 20 dias, fosse apresentado o texto com as propostas apresentadas.
Exigiu que os presentes enviassem suas sugestões. O Grupo de Trabalho apresentou novo texto. O relator o apresentou como substitutivo.
Todavia, não houve tempo hábil do substitutivo do Deputado Paulo Paim ser apreciado na Comissão em 1996. O motivo, foi o recesso de final de ano.
Em 1997, o Deputado Paulo Paim é galgado à mesa Diretora da Câmara, retirando-se da Comissão. Assim, teve início o processo de negociação para que o novo relator absorvesse todo o processo democrático levado a efeito pelo Deputado Paulo Paim. Acordou-se com o Deputado Federal Paulo Rocha (PT/PA), que por ser do mesmo partido e das mesmas convicções de Paulo Paim, concordou em apresentar o substitutivo construído das propostas oriundas da categoria profissional.
Mesmo assim foi moroso o trâmite. Primeiramente a devolução do projeto à Comissão, levada a efeito em 30 de maio de 1997, em seguida sua inclusão em pauta. O Deputado Sandro Mabel (PSDB/GO), líder do governo na Comissão, informava ser favorável ao projeto, mas, não o liberava para a pauta. Informava que o entrave partia do Ministério do Trabalho.
Foi levada a efeito a gestão, junto ao Secretário Executivo do Ministério do Trabalho. Na oportunidade foram tiradas as dúvidas do Ministério. Em 22 de outubro de 1997 o Projeto, com substitutivo, é aprovado por unanimidade em reunião ordinária e remetido para a Comissão de Constituição e Justiça e de Redação.
O projeto é analisado nesta Comissão até o dia 09 de junho de 1998, quando é considerado constitucional e aprovado por unanimidade pronto para a ordem do dia.
Na sessão plenária de 30 de junho de 1998 da Câmara dos Deputados, o projeto de lei 330/95 é debatido, apreciado e aprovado com parecer favorável de todos os oradores. Inclusive, foi feita uma homenagem ao Deputado Eduardo Mascarenhas, que havia falecido.
A partir de primeiro de julho de 1998 o projeto de lei passa a ser analisado e apreciado pelo Senado.
No dia seguinte, 13 de agosto de 1998, o projeto foi incluído na ordem do dia do Senado. Após alguns momentos de tensão, em razão de possíveis emendas ao Projeto de Lei, o Professor Jorge Steinhilber, reunido com a Deputada Laura Carneiro e Senadores, firma acordo para possibilitar a aprovação do Projeto de Lei nesta sessão; o projeto foi aprovado por unanimidade e encaminhado à sanção presidencial.
Em 1º de Setembro de 1998, o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, sanciona a lei 9696/98, publicada no Diário Oficial da União em 02/09/98.
No dia 08 de novembro do mesmo ano na cidade do Rio de Janeiro, a Federação Brasileira das Associações de Profissionais de Educação Física (FBAPEF) elegeu os primeiros membros do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), estes eleitos pelas Associações de Professores de Educação Fisica - APEFs e Instituições de Ensino Superior em Educação Física. Na ocasião, o Prof. Jorge Steinhilber, então presidente do Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação Física, apresentou a chapa dos Conselheiros, sendo aprovada por todos os presentes.
A posse solene dos primeiros membros do CONFEF foi realizada no dia 10 de janeiro de 1999, na abertura do 14º Congresso Internacional de Educação Física da FIEP, em Foz do Iguaçu-PR, como agradecimento ao apoio da Federação ao Movimento da Regulamentação, cerca de 1.500 congressistas presenciaram este acontecimento histórico.

domingo, 14 de agosto de 2011

Espaço à Solidariedade

Sei que este blog é destinado a contribuir para o pedagógico, mas cabe aqui o espaço da solidariedade! Sei também que este blog tem tido um alcance considerável e se eu o posso usá-lo para ajudar alguém, irei fazê-lo sem titubear! Ao acompanhar notícias sobre alguns países da África, especialmente hoje com a brilhante reportagem que assistí pela Rede Record, pelo repórter Gerson de Souza que eu já o tinha com muita admiração por suas reportagens, fiquei mais ainda constrangida, esta é a palavra, "constrangida"! Pois relatava o sofrimento de um povo, onde centenas de crianças vem morrendo todos os meses de fome, mulheres e homens, famílias inteiras vivendo um holocausto, em pleno século 21, onde a fartura é vista em tantas mesas, dinheiro e mais dinheiro destinados a tantas coisas, até com certo desperdício, porque não olharmos um pouco para nossos irmãos que embora estão tão distantes, estão tão necessitados de nossa ajuda?! Alguém poderá até questionar: "ora, no Brasil ainda há muita pobreza e miséria e muitos também passam fome...";  concordo! Porém sei que não estão desamparados pois o povo Brasileiro, apesar de tantas adversidades é um povo solidário, mas meu amigo, quando a notícia é de calamidade pública de fome, o maior desastre de todos os tempos... em pleno século 21 como já havia citado!!!! É um verdadeiro holocausto, mais uma vez milhões de pessoas estão condenadas à morte, e à morte de fome!!!! São várias as razões que levaram este povo tão sofrido a estarem nestas condições: clima, guerra fria, que não compete a mim questionar; o que eu peço é que leiam e acompanhem as notícias e colaborem da melhor maneira possível! Ninguém, em parte alguma do planeta, nem quem quer que seja, mereça morrer de uma maneira tão cruel que é morrer de fome!   A todos, também peço orações para consolar as mães que tem perdido seus filhos, aos pais que tem perdido suas famílias, e ao pais da Somália que tem tentado a reconstrução. Oremos também pelos paises vizinhos que tem, assim  como a Somália, sofrido com a seca, a miséria, a fome!  
Rosemeire M. T. Alves

Solidariedade

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou na semana passada que o pior da crise humanitária, gerada pela fome e seca na Somália, ainda está por vir. A organização solicitou à comunidade internacional um compromisso maior com a situação de emergência que atravessam milhões de pessoas. E informou que o número de refugiados deve aumentar dramaticamente nos próximos meses.
O representante da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) no Quênia alertou que a situação pode se tornar “simplesmente insuportável” nas próximas semanas, se somalis continuarem abandonando suas casas no sul e centro do país em busca de abrigo e alimentos. Cerca de 200 mil pessoas deixaram o país nos últimos dois meses, rumo aos países vizinhos Quênia e Etiópia. “A possibilidade é de que simplesmente todo mundo que mora nessas áreas deixe os locais, o que seria um desastre”, disse Luca Alinovi, acrescentando que os custos de transportes dobraram nos últimos meses - evidência de que há um aumento da demanda por saídas e retiradas de pessoas da região.

A fome afeta cerca de 12,4 milhões de pessoas na Somália, Djibuti, Etiópia e Quênia, segundo dados da FAO. A organização convocou reunião urgente em Roma para o dia 18 de agosto com o objetivo de buscar com ministros e especialistas soluções para a grave fome que assola o continente africano. “Ainda não vimos o pior da crise. Prevemos maior deterioração dos níveis de desnutrição aguda e mortalidade, assim como o aumento dos preços dos cereais e uma temporada de colheita com escassas chuvas”, afirmou a subsecretária do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (OCHA), Catherine Bragg.

A diplomata compareceu ao Conselho de Segurança da ONU para informar os países-membros sobre a situação atual na Somália, onde já são cinco as zonas em que foi declarada crise de fome e 3,2 milhões de pessoas precisam de “ajuda imediata para sobreviverem”.

Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
As intervenções sanitárias são tão importantes quanto organizar as provisões de alimentos, já que, com a chegada da temporada de chuva em outobro, aumentará o perigo de epidemias, devido à falta de água potável.

O CICV (comitê Internacional da Cruz Vermelha) anunciou a abertura de conta bancária para doações à crise de fome na Somália. “Recebemos muitas ligações de pessoas interessadas em ajudar, fazer doações, ir para lá como voluntárias”, disse Sandra Lefcovich, assessora de comunicação da organização.
Segundo ela, o CICV também recebe doações pelo seu site na internet, através de transferência com cartão de crédito para conta internacional da instituição, em Genebra, na Suíça. As doações recebidas deverão ser convertidas em compra e distribuição de alimentos para mitigar a situação de fome extrema que já atinge mais de 3 milhões de pessoas.
Segundo comunicado do CICV, com o avanço da crise na Somália, a instituição “aumentou sua operação de emergência nas regiões sul e central do país, onde apenas um pequeno número de organizações está presente no terreno”. “Para poder assistir mais 1,1 milhão de somalis que se encontram em uma situação desesperadora, o CICV precisa elevar seu orçamento operacional em mais 67 milhões de francos suíços (equivalente a R$ 130 milhões)”, explica a nota.

SERVIÇO


PARA DOAR NO BRASIL
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA
CNPJ: 04.359.688/0001-51
Banco: HSBC

Agência: 1276

Conta Corrente: 01034-73

Campanha contra a fome na África

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Danças Folclóricas


Neste mês de agosto, estaremos desenvolvendo um  trabalho com os alunos com o tema Festa Regional. Levando-se em consideração o trabalho de Nanni (2003, p.7) quando cita a respeito da dança :
"As danças, em todas as épocas da história e/ou espaço geográfico, para todos os povos é representação de suas manifestações, de seus 'estados de espírito', permeios de emoções, de expressão e comunicação do ser e de suas características culturais", traremos para a Educação Física, através da linguagem corporal,  coreografias que contemplem a diversidade das danças regionais em nosso país. Para colaborar com as pesquisas, postei sugestões de coreografias folclóricas das cinco regiões do Brasil.   
Fonte de pesquisa: 
www.unicamp.br/folclore/Material/extra_dancas.pdf
Entende-se Danças Folclóricas as expressões populares desenvolvidas em conjunto ou individualmente, frequentemente sem sazonalidade obrigatória. Tudo indica que é na coreografia que reside  seu elemento definidor. Existe um grande número delas no Brasil.

REGIÃO NORTE
  • Camaleão (AM) - é dança de pares soltos que desenvolvem coreografia construída por sete diferentes passos, chamados jornadas. Organizados em duas fileiras, homens e mulheres executam passos laterais de deslize, vênias entre os pares, palmas na mão do parceiro, troca de lugares, sapateados ritmicos, requebrados, palmeados das mulheres e dos homens entre si, terminando com o passo inicial. O conjunto musical é formado por viola, cavaquinho, rabeca e violão. Nessa dança usa-se indumentárias específica inspirada "no tempo do império": os homens trajam fraque de abas, colete, culotes, meias brancas longas, sapato preto afivelado, gravata pomposa; as mulheres trajam saias longas rodadas, blusas soltas, meias brancas, sapatos afivelados.
  • Carimbó (PA) - dança de roda formada por homens e mulheres, com solista no centro que baila com requebros, trejeitos, passos miúdos arrastados e ligeiros. O apogeu da apresentação é quando a dançarina, usando amplas saias, consegue cobrir algum dançador, volteando amplamente a veste. Este gesto provoca hilaridade entre todos. Caso jogue a saia e não cubra o parceiro, é imediatamente substituída. O nome da dança deriva de um dos instrumentos acompanhantes, um tambor de origem africana.
  • Ciranda (AM) - é uma rapsódia composta de várias partes, acompanhada da música "Ciranda, Cirandinha". Dança-se em círculo, moças e rapazes vestidos à moda antiga. No final é exibido o episódio do carão (pernalta jaburu) que é morto pelo caçador. O carão e o caçador aparecem fantasiados.
  • Dança do Maçarico (AM) - apresenta música saltitante com coro alegre e animado. Os dançarinos, organizados aos pares, desenvolvem uma coreografia constituída por cinco diferentes movimentos: "Charola", "Roca-roca", "Repinico", "Maçarico"e " Geléia de mocotó". Os pares, hora enlaçados ora soltos, dão passos corridos para frente e para trás, de deslize laterais, volteios rápidos, rodopios ligeiros, culminando com uma umbigada. A música é executada em sanfona ou acordeão, viola, rabeca, tambores pequenos pifanos.
  • Dança do Sol - inicialmente se chamou Quaraci Poracê, dançada entre os índios do Município de Carvoeiro, em 1931, e divulgada posteriormente com o nome de "Tipiti"  ou "Dança do pau de fita". Possui os seguintes passos: Caracol; Tipiti de um; Tipiti de dois; Tipíti de três; Tipiti de quatro; Trança; Rede; Chochê  (Desafio).
  • Desfeiteira (AM, PA) - dança de pares enlaçados que circulam livremente pelo salão. A única obrigatoriedade é passar, cada par por sua vez, diante do conjunto musical que executa partituras alegres e vivas de: valsas, polcas, sambas rurais, chulas amazonenses, mazurcas, xotes etc. Repentinamente, os músicos cessam de tocar e os pares  também estacam onde estiverem. Aquele que coincidir estar na frente da banda passará por uma prova: o músico chefe escolhe a dama ou o cavalheiro para declamar versos. Quem não conseguir é vaiado por todos e, por esta desfeita, paga uma prenda, ficando assim desfeiteado.
  • Gambá (toda a região) - dança de terreiro, o Gambá é constituído de brincantes, um "marcador", um grupo de quatro cantores, uma mulher solista e seu parceiro. Os demais formam uma roda ou duas fileiras, que envolvem o par solista e batem palmas no ritmo executado no "Gambá", isto é, um tambor feito de tronco de árvore com cerca de um metro de comprimento. A dança se inicia com uma mulher que acena um lenço grande  colorido, requebra e mexe o corpo voluptuosamente de modo a provocar o entusiasmo dos demais. Depois de alguns momentos atira-o aos pés de algum dançador do grupo. Este recolhe o lenço e sai em perseguição da dama, que simula fugir das investidas do cavalheiro. O cavalheiro então sim ula desinteresse e a dama passa a provocá-lo com movimentos lascivos sempre com o auxílio do lenço. A dança termina com a aceitação do cavalheiro que, com a dama, improvisa movimentos sensuais.
  • Serafina (AM) - é executado por homens e mulheres que se organizam em duas fileiras, por sexo. Nesta posição desenvolvem  movimentos chamados "Batição", que tem denominações próprias: "Puçá", "Mala", "Lance alto"; organizam-se depois em círculo e executam outros movimentos: "Arrodeio alto", "Arrodeio baixo", "Cacuri" e "Tapagem", retornam às fileiras  e dançam ainda o "Arrastão" e  a "Repartição". Quando nas fileiras, os dois primeiros pares formam grupos de quatro dançadores e desempenham as batições entre si. Os participantes carregam alguns implementos que referenciam o aspecto simbólico desta dança: remo de tamanho natural, arpões, lenços grandes atados à volta do pescoço, fitas coloridas presas à cintura, chapéu de palha. Os remos e arpões são colocados no chão e não tem nenhuma utilidade prática; as fitas e os lenços são usados no "Lance alto" e no "Lance baixo", figurações marcadas pelo cruzamento dos lenços de cada dupla de pares. A música é caracteristicamente rural: cavaquinho, reco-reco, violão, tambor gambá, caracaxás e maroca. Este último é um tambor pequeno, recoberto com couro de cobra sobre o qual colocam-se duas linhas paralelas cheias de contas que vibram juntamente com o couro.

REGIÃO NORDESTE
  • Cavaco Piancó (PI) - originária do Município de Amarante, cavalheiros e damas, formando pares, compõem um círculo e dançam imitando o trote de um cavalo manco. O andamento  musical varia entre apressado e moderado e a coreografia às marcações determinadas pela letra: trote apressado, trote requebrado, batidas de pés, galope saltitante etc. A letra pode ainda ser improvisada, o que influii na coreografia dos dançadores.
  • Ciranda (PB, PE) - dança desenvolvida por homens, mulheres e crianças. Os dançarinos formam uma grande roda e dão passos para dentro e para fora do círculo, provocando ainda um deslocamento do memso no sentido anti-horário. A música é executada por um grupo denominado "terno", colocado no centro da roda, tocando instrumentos de percussão - bumbo, tarol, caixa, ganzá - e de sopro - pistons e trombones.  As canções tiradas pelo mestre cirandeiro e respondidas pelo coro dos demais, tem temáticas que  refletem as experiências da vida.
  • Coco (toda a região) - difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Há uma linha melódica cantada em solo pelo "tirador" ou "conquista", com refrão respondido pelos dançadores. Um vigoroso sapateado denominado "tropel" ou "trope"produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. O coco apresenta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música. Os "Coco solto",  "Quadras", "Embolada", Coco de entrega", "Coco de dez pés", são referidos pela métrica literária; os "Coco de ganzá", "Coco de zambê", pela música; os "Coco de praias",  "Coco de usina", "Coco de sertão", pelos locais; os "Coco de roda", "Coco de parelhas ligadas", "Coco solto", " Coco de fila", " De parelhas trocadas", " De tropel repartido", "Cavalo manco", " Travessão", "Sete e meio", "Coco de visitas",  pela coreografia. A umbigada é presente em muitas variantes. No Rio Grande do Norte  o Coco é chamado "Zambelô", "Coco de Zambê", e "Bambelô". Possui um  in strumental muito complexo, constituído por atabaques, pequenos tambores, ganzá,e afoxé ou maracá.
  • Dança de S. Gonçalo (AL, BA, MA, PI, SE) - dança religiosa, organizada em pagamento de promessa devida a São Gonçalo. O promesseiro é quem organiza a função, administrando todo o processo necessário à realização deste ritual. Em Sergipe esta dança é executada somente por homens. A única mulher presente não tem papel ativo. Este grupo é constituído por: "Patrão", "Mariposa",Tocadores", Dançadores". Patrão e dançadores usam trajes especiais. O primeior veste-se de marinheiro, por influência do mito; os demais usam  in dumentárias que revela influência árabe: anáguas e longas saias floridas, blusa de renda branca cavada, xale colorido em diagonal no peito, turbante envolvido em fitas multicores , colares e pulseiras. A coreografia consta de uma série fixa de evoluçõe s que se repete a cada jornada.   
  • Dança do Lelê (MA)- também conhecida pelos nomes de "Péla", ou "Péla-porco", o Lelê é dançado em pares dispostos em filas lideradas pelos "cabeceiras" ou "mandantes", "de cima" e " de baixo". Esta dança compreende quatro partes distintas; "Chorado", "Dança Grande", "Talavera" e "Cajueiro". Os instrumentos musicais são a rabeca, o pífano, castanholas artesanais, violão, cavaquinho e pandeiro. Os cantos improvisados, são inspirados em acontecimentos do cotidiano. O Lelê é dança de salão sem dia nem mês específicos, embora possa ser organizada como dança votiva ou fazer parte da Festa do Divino e de outros santos populares.
  • Espontão (RN, PB) - o nome deriva da meia lança usada pelos sargentos de infantaria no séc. XVIII. É realizada por grupos de homens negros, cada um deles trazendo uma pequena lança com  a qual desenvolvem uma coreografia que simula guerra. O chefe, denominado "Capitão da lança",  é o que leva a lança grande . Percorrem as ruas ao som de tambores marciais; nas casas que visitam dançam agitando a lança e os espontões, realizando saltos de ataque, recuos de defesa, acenos guerreiros, numa improvisação que revela grande destreza nos movimentos. Não há cânticos mas acompanhamento rítmico produzido nos tambores marciais.
  • Frevo (PE) - embora esteja praticamente em todo o Nordeste, é em Pernambuco que o Frevo adquire expressão mais significativa. Dança individual que não distingue sex o, faixa etária, nível sócio-econômico, o frevo frequenta ruas e salões no carnaval pernambucano, arrastando multi dões num  delírio contagiante. As composições musicais são a alma da coreografia variada,  complexa, acrobática. Dependendo da estruturação musical, os frevos podem ser canção, de bloco ou de rua. A coreografia recebe denominações específicas: "Chã de barriguinha", "Saca-rolha", "Parafuso", "Tesoura", "Dobradiça", "Pontilhado", "Pernada", "Carrossel", "Coice-de -burro", "Abanando o fogareiro", "Caindo nas molas" etc.

  • Maculelê (BA) - bailado guerreiro desenvolvido por homens, dançadores e cantadores, todos comandados por um mestre, denominado "macota". Os participantes usam um  bastão de madeira com cerca de 60 cm. de comprimento. Os bastões são batidos uns nos outros, em ritmo firme e compassado. Essas pancadas presidem toda a dança, funcionando como marcadoras do pulso musical. A  banda que anima o grupo é compos ta por atabaques, pandeiros, às vezes violas de doze cordas. As cantigas são puxadas pelo "macota" e respondidas pelo coro.
  •   Pagode de Amarante (PI) - de origem africana, o Pagode de Amarante é desenvolvido com os dançadores formando duas fileiras de pares que se cruzam sem obedecer a marcações coreógrafas estabelecidas. Cada par improvisa movimentos com rodopios, sapateado e ginga. A música é executada por dois cantadores e ritmada no "gafanhoto": consta de um pedaço de pau oco medindo 15 cm. de comprimento, batido com um pedaço de madeira, tocado por todos os homens que dançam. 
  • Tambor de Crioula (MA, PI) - dança das mais recorrentes no Maranhão, é caracterizada pela presença da umbigada, que recebe o nome de "punga". Desenvolvida com os dançadores em formação circular, a coreografia é executada de forma individual e consta de sapateios e requebros voluptuosos, com todo o corpo, terminando com a "punga", batida no abdômen de outro participante da roda. Os cantos são repetitivos, à semelhança d e estribilho. O ritmo é executado em três tambores feitos de tronco, escavados a fogo. O tambor grande é chamado Socador; o médio, Crivador ou Meão; o pequeno, Pererenga ou Pirerê.
  • Torém (CE) - dança de terreiro com participantesd de ambos os sexos que se colocam em formação circular, com o dançador solista ao centro. Tocando o Aguaim-espécie de maracá-o solista executa movimentos de recuo e avanço, requebros, sapateios, saltos, além daqueles imitativos de serpente e lagarto, revelador es de destreza e plasticidade. Os demais participantes marcam o compasso musical com batidas de pés  enquanto vão girando a roda no sentido anti-horário. A música, à capela, é cantada pelo solista e repetida pelo coro de dançador es. O "mocororó"- suco de caju fermentado - é distribuido fartamente durante todo o tempo da dança.
REGIÃO SUDESTE 
  • Batuque (SP, MG, ES) - dança de terreiro com dançadores de ambos os sexos, organizados em duas fileiras-uma de homens e outra de mulheres. A coreografia apresenta passos com nomes específicos: "visagens" ou "micagens", "peão parado" ou "corrupio", "garranchê", "vênia", "leva-e-traz" ou "cã-cã". São executados com os pares soltos que, saindo das fileiras, c irculam livremente pelo ter reiro. O elemento essencial em toda a coreografia é a umbigada, chamada 'batida": os dançadores dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços e, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o tronco para trás e dão vigorosa batida com os ventres. Os instrumentos musicais são todos de percussão: Tambu, Quinjengue, Matraca e Guaiá ou Chocalho.
  • Cana-verde (toda a região) - também chamada caninha verde, esta dança apresenta variantes no que se refere à cantoria, à coreografia, à poética e à música. No Rio de Janeiro, é uma das "miudezas" da Ciranda e uma dança com bastões. Algumas rece bem nomes variados; como cana-verde de passagem (MG e SP), cana-verde simples (SP). A disposição dos dançadores varia entre círculo de solista, fileiras opostas,  rodas concêntricas; os movimentos podem ser deslizes dos pés, sapateios leves ou pesados, balanceios, gingados, troca de pares. O movimento tido como característico é a "meia-volta", desenvolvida num círculo que se arma e se desfaz com  os dançador es deslizando, ora para dentro ora para fora, ora em desencontro, ora em retorno à posição in icial.
  • Catira ou Cateretê (MG, SP) - é executada exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade de uma delas fica o violeiro que tem à sua frente o seu "segunda", isto é, outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria. O início é dado pelo violeiro que toca o "rasqueado", para os dançadores fazerem a "escova" - bate-pé, bate-mão, pulos. Prossegue com  osa cantadoresiniciando uma moda de viola. Os músicos interrompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os dançadores reproduzem o bate-pé, o bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda as batidas de pés e mãos. Acabada a moda, os catieiros fazem uma roda e giram batendo os pés  alternados com as mãos: e a figuração da "serra acima": fazem meia volta e repetem o sapateio e as palmas para o "serra abaixo", terminando com os dançadores nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com o Recortado: as fileiras trocam de lugar, fazem meia-volta e retornam ao ponto inicial. Ne ste momento todos cantam o "levante", que varia de grupo para grupo. No encerramento do Recortado os catieiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos.
  • Caxambu (MG, RJ) - dança de terreiro executada por homens e mulheres postos em roda sem preocupação de formar pares. No centro, fica o solista, "puxando" os cantos e improvisando movimentos constituídos de saltos, volteios, passos miúdos, balanceios. Os instrumentos acompanhantes são dois tambores, feitos de tronco de árvore, cavalos a fogo e recobertos com couro de boi. São denominados Tambu ou Caxambu e Candongueiro. Às vezes aparece uma grande cuíca, feita de tonel de vinho ou cachaça. É chamada Angoma-puíta. As músicas, denominadas "pontos", são tiradas pelo dançador solista e respondidas pelo coro dos participantes. O canto inicia com  pedidos de licença aos velhos caxambuzeiros desaparecidos e depois se mesclam de simbolismo e enigmas intrincados. Atualmente observa-se um sincretismo com  a umbanda, perc eptível na indumentária e nos adereços usados pelos participantes.
  • Ciranda (RJ) - No Rio de Janeiro o termo ciranda pode significar tanto uma dança específica quanto uma série de danças de salão, que obedecem a um esquema: Abertura, Miudezas e Encerramento. Enquanto dança, faz parte das miudezas da ciranda, baile. A Ciranda-baile, também denominada Chiba, tem na Chiba-caterete a que faz a abertura da série; as Miudezas são um conjunto de vari adas danças com nomes e coreografias diversas; Cana-verde de mão, Cana-verde valsada, Carangueijo, Arara, Flor-do-mar, Canoa, Limão, Chapéu, Choradinha, Mariquita, Ciranda, Namorador, Zombador. O E ncerramento é feito com  a Tonta, também chamada Barra-do-dia. As músicas  são da forma solo coro, tiradas pelo mestre em quadras tradicionais e circunstanciais, respondidas pelas vozes dos dançadores. O acompanhamento musical é feito por viola, violão, cavaquinho e adufe. Na Chiba-cateret~e o conjunto musical é composto ainda do Mancado; um caixote percutido com tamancos de madeira.
  • Dança de S. Gonçalo (MG, SP) - para sua execução os dançadores se organizam em duas fileiras, uma de homens e oputra de mulheres, organizados diante de um  altar do santo. Cada fileira é encabeçada por dois violeiros- mestre e contramestre- que dirigem todo o rito. A dança é diviida em partes chamadas "volta", cujo número varia entre 5,7, 9 e 21. As "voltas" são desenvolvidas com os violeiros cantando, as duas vozes, loas a S. Gonçalo, enquanto os dançadores, sapateando na fila em ritmo sincopado, dirigem-se em dupla até o altar, beijam o santo, fazem genuflexão e saem sem dar as costas para o altar, ocupando os últimos lugares de suas fileiras. Cada volta pode demorar 40 minutos a 2 ou 3 horas, d ependendo do número de dançadores. Na última "volta" - em São Paulo chamada "Cajuru"- forma-se uma roda onde o promesseiro dança carregando imagem do santo, retirada do altar. Em Minas Gerais, no Vale do São Francisco, a dança é desenvolvida por dez ou doze pares de moças, todas vestidas de branco. Cada uma delas leva um  grande arco de arame recoberto de papel de seda branco franjado, com os quais fazem figurações coreógrafas.
  • Dança do Tamanduá (ES) - organizada em rodas de homens e mulheres, um solista ao centro vai executando movimentos determinados pela letra da cantoria: pondo a mão na cabeça ou na cintura, batendo com o pé no chão, pulando para lá e para cá, mexendo com as cadeiras etc. As músicas são na forma solo-coro, o que permite improvisação nas ordens musicais cantadas pelo puxador.
  • Fandango (SP) - neste Estado há duas modalidades de Fandango: o do interior e o do litoral. O primeiro revela influências do tropeiro paulista. Dançam somente homens, em número par. Vestem-se com roupas comuns, chapéus, lenços ao pescoço, botas com chilenas com duas rosetas, sem os dentes. Estas chilenas, batidas no chão, funcionam com o instrumento de percussão no acompanhamento das "marcas", como Quebra-chifre, Pega na bota, Vira corpo, Pula sela, Mandadinho, dentre outras. A  música é a moda de viola comum. O palmeado e o castanholar de dedos estão presentes no início e dentre as "marcas". O Fandango do litoral compreende uma série de danças de pares mistos, tais como: Dão-dão, Dão-dãozinho, Graciana, Tiraninha, Rica senhora, Pica-pau, Morro-seco, Chimarrita, Querumana, Enfiado, Manjericão, etc. Cada "marca" apresenta coreografia própria, assim  como são também particulares a linha melódica e o texto poético.
  • Jongo (MG, SP) - dança de negros organizadas em roda mista, alternando-se homens e mulheres. No centro um solista, um jongueiro, que canta sua canção, o "ponto". Os demais respondem em coro, fazendo movimentos laterais e batendo palmas, nos lugares. O solista improvisa passos movimentando todo o corpo. O instrumental é composto por dois tambores - um grande, o Tambu, e um menor, o Candongueiro; uma Puita - cuica artesanal; um chocalho - o Guaiá, feito de folha-se-flandres. As melodias são construídas com o uso de poucos sons. A dificuldade  reside no texto literário dos "pontos", pois são todos enigmáticos, metafóricos. Quando o solista quer desafiar alguém, canta o "ponto da demanda", este deverá decifrá-lo, cantando a resposta: diz-se então que "desatou o ponto". Se não for decifrado, diz-se que "ficou  amarrado" pode passar por várias situações humilhantes e vexatórias, como cair no chão e não conseguir se levantar, não conseguir andar, etc.
  • Mineiro-pau (MG, RJ) -dança executada por homens, adultos e crianças, cada um levando um ou dois bastões de madeira. Desenvolvida em círculo ou em fileiras que se defrontam, os dançarinos, voltados de frente para o seu par, realizam uma coreografia totalmente marcada pelas batidas dos bastões no chão. S empre em compasso quaternário, o tempo forte musical é marcado com batidas dos bastões no chão. A variedade na forma de bater os restantes três tempos é que dá nomes específicos às partes: "Batida de três", "Batida de quatro", "Batida cruzada", "Batida no alto", Batida embaixo" etc. Muitos grupos tem como parte integrante o Boi Pintadinho  (RJ) ou Boi Lé  (MG), com sus principais personagens: a Mulinha, o Jaguará, o Boi, os Cabeções.
  •  Quadrilha (todos os Estados) - próprio dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil foi introduzida como dança de salão que, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência é importante a presença de um  mestre "marcante" ou "marcador", poi é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: "Tour", "En avant", "Chez des dames", "Chez des Chevaliê", Cestinha de flor", "Balancê", "Caminho da roça", "Olha a chuva", "Garranchê", "Passeio", "Coroa de flores", "Coroa de espinhos" etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo.
REGIÃO CENTRO-OESTE
  • Caninha-verde (toda região) - consta de uma roda de homens e mulheres que cantam e dançam permutando de lugares e formando pares. Os textos cantados são tradicionais e circunstanciais, acompanhados por viola, violão e pandeiro.
  • Catira (GO) - semelhante à existente na região Sudeste, esta dança é executada por homens que sapateiam , rodopiam e palmeiam num ritmo sincopado, intercalando com moda  de viola, executada por dois violeiros.
  • Siriri (MT) - dança de pares soltos que se organizam em duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres. No meio delas ficam os músicos. O início é dado com os homens cantando o "baixão", acompanhados das palmas dos demais participantes. A seguir um cantador "joga" uma quadra que é repetida por todos. Neste momento um  cavalheiro sai de sua fileira e se dirige à dama que lhe fica à frfrente, fazendo-lhe reverência e voltando ao lugar inicial. A dama o acompanha  até o meio do caminho, quando então se dirige a outro cavalheiro retorna também ao seu lugar inicial. Este cavalheiro repetirá a movimentação do primeiro e a dança assim  prossegue até que todos os participantes tenham feiro este solo. Os passos não tem marcação rígida, isto é, são in dividualizados. O acompanhamento musical pode ser apenas ritmico, executado em tambor e reco-reco; às vezes também apresenta instrumentos melódicos, como a sanfona e a viola de cocho.
  • Tambor (GO) - executada com um solista no centro de um círculo formado pelos dançadores. O ritmo é marcado por tambores e o canto é coletivo. A coreografia, desenvolvida pelo solista, distingue partes que recebem denominações específicas: "Juquitaia", "Serrador", "Negro-velho". A troca de solistas no centro da roda se processa através da umbigada.
  • Vilão (GO) - dança de conjunto cujos participantes se subdividem pela função: Batedores, Balizadores, Músicos, Regente e Chefe do grupo. Organizados em semicírculo, os Batedores, trazendo longos bastões de madeira, dão batidas nos bastões do parceiro,ao ritmo da marcação do apito do Regente e da execução musical da banda. Há uma série de movimentos que compreendem giros de corpo, volteios dos bastões, troca de lugares, encerrando com uma sequência de sete outros gestos rapidíssimos, chamados "Cerradinhos", que constam de batidas realizadas com os batedores agachados.
REGIÃO SUL
  • Balainha  (PR,SC) - conhecida também com o nome de Arcos Floridos ou Jardineira, a balainha é desenvolvida com os pares de dançantes, cada um deles, sustentando um arco florido. No início, os pares em fileiras fazem movimento ondulante passando, ora por cima ora por baixo dos arcos dos demais pares; formam depois grupos de quatro pares que, em círculo, intercruzam seus arcos no alto, armando assim  as "Balainhas". Ao final desmancham as "Balainhas" e retornam à posição inicial, com movimentos sincronizados e sequenciais.
  • Fandango (PR, RS) - o termo Fandango designa uma série de danças populares - chamadas "marcas". No Paraná, os dançadores, executam as variadas coreografias: Anu, Andorinha, Chimarrita, Tonta, Cana-verde, Carangueijo, Vilão de Lenço, Xarazinho, Xará Grande, Sabiá, Marinheiro, etc. O acompanhamento musical é feito com duas violas, uma rabeca e um pandeiro rústico, chamado adufo. As coreografias das "marcas" paranaenses constam de rodas abertas ou fechadas, uma grande roda ou pequenas rodas fileiras opostas, pares soltos e unidos.  Os passos podem ser valsados, arrastados, volteados, etc., entremeados de palmas e castanholar de dedos. O sapateado vigoroso é feito somente pelos homens, enquanto as mulheres arrastam os pés e dão volteios soltos. No Rio Grande do Sul, o Fandango apresenta vinte e uma danças, com nomes próprios: Rancheiro, Pericom, Maçarico, Pezinho, Balaio, Tirano-do Lenço, Quero-mana, Tatu, etc. O acompanhamento musical é feito pelo acordeão, chamado "gaita", e pelo violão. A coreografia recebe nomes também distintos - "Passo de juntar", "Passo de marcha", "Passo de recurso", "Passo de Valsa", "Passo de Rancheira", "Sapateio", etc.
  • Pau-de-Fitas (toda região) - para seu desenvolvimento prepara-se um mastro com cerca de três metros de comprimento, encimado por um conjunto de largas titas multicores,  de maior tamanho. Os dançadores, em número par, seguram na extremidade de cada fita e, ao som das músicas, giram em torno do mastro, revezando os pares de modo a compor  trançamentos que recebem os nomes: "Trama", "Trança", "Rede de Pescador". Em Santa Catarina há o "Tramadinho", "Trenzinho", "Zigue-Zague", "Zigue-Zague a dois", "Feiticeira" e "Rede de Pescador".
  • Vilão (SC) - desenvolvida por um grupo de 31 componentes, denominados batedores, balizadores, músicos e mestre, a dança consta de batidas de longos bastões, com variados movimentos e ritmos. O encerramento é feito com o "serradinho"; são 7 movimentos rapidíssimos, executados com os balizadores agachados.